sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Desafio do Hércules - Por João Elias




Abaixo segue o relato de um traceur chamado João Elias de João Pessoa - PB sobre o Desafio do Hércules. Espero que esse texto lhe inspire, como me inspirou.

Dica: Leia esse relato escutando essa trilha sonora. Fiz isso, e ficou muito mais épico (https://www.youtube.com/watch?v=qPKo2q0PIQk). Boa leitura

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           Alerto aqui que esse texto é um desabafo! Um momento pessoal vivido por mim, uma crítica ao sistema, uma crítica a tudo que vivenciei. Então se você está lendo isso e se sentir ofendido com qualquer coisa que for dita aqui, peço desculpas, mas precisava ser dito.
Esta experiência se passa numa cidade pequena chamada Diamante, interior da Paraíba. Antigamente foi criado um desafio por um dos integrantes do Parkour Recife, chama-se “Desafio do Hércules”, uma brincadeira séria entre os praticantes que mexe com seu psicológico, trata-se de exercícios árduos, um tipo de treino intenso de longa duração com 12 tópicos de exercícios diferentes que aparentam nunca ter fim. Nós do Parkour de João Pessoa, faríamos o Desafio Hércules antes do ano acabar e combinamos em realizar todos no dia 28, mas acontece que eu passei as férias no interior então dentre eles eu fui o único que completei o sozinho, tive vários problemas em decorrência de não estar num local tão apropriado e entre outros tópicos, só consegui realizar o desafio no dia 31.

O dia 31 foi desanimador, eu acordei completamente desmotivado, completamente inseguro sobre o desafio, eu até pensei em não fazer, o ano já iria acabar mesmo, minha vida pessoal principalmente estava me atrapalhando muito, eu não me sentia bem, a harmonia entre eu e o meu eu interior estava completamente afetada por coisas e por pessoas que talvez nem compreendam o real significado disso. Pessoas que passam tanto tempo na sua bolha social, que desvalorizam pessoas que as amam por coisas imbecis como o dinheiro, pessoas que simplesmente dizem ser boas, que querem mostrar para os outros isso mas na prática quando ninguém está olhando te deixam sozinho. O simples fato de manter o ego lá em cima com pensamentos do tipo: "Por que me preocupar se ele sempre está aqui pra mim? Para que conversar, se amanhã ele vai aparecer sorridente do mesmo jeito? Porque eu daria o mínimo de atenção a dor que ele está sentindo se amanhã ele vai ter esquecido tudo e vai falar comigo? Por que perguntar se ele está bem, se ele é sempre tão sorridente?". Essas coisas me entristeceram profundamente todo o ano de 2018, e como na maioria dos dias de 2018, no dia 31 acordei profundamente desanimado comigo mesmo, quando eu já tinha praticamente decidido não fazer o Desafio, algo que eu seria tão honrado em realizar, estaria indo por água a baixo. Por que fazer algo assim tão intenso se amanhã eu vou acordar exatamente da mesma forma que hoje? Nada vai mudar mesmo! Por que eu tenho me esforçado tanto por algo se todo esforço que ponho em jogo não é reconhecido por ninguém, nem mesmo por aqueles que eu acredito gostarem de mim?

Sabe, eu não tinha nenhum motivo para realizar o desafio, mas eu tinha dito para meu primo Davi que iria filmar com antecedência com ele, me perguntou se eu iria mesmo gravar. Nessa hora eu me recordo de ter pensado comigo mesmo: "E aí, vai? Lembre-se da sua palavra, lembre-se que você disse que iria fazer, vai ser covarde agora? Vai fugir do que você disse que iria fazer? Se sim, você não é diferente de todas as pessoas que fugiram e desistiram de você". Ainda não muito confiante, disse para mim mesmo que realizaria o desafio, o mais engraçado é que tudo que me desanimou durante o ano todo, foi exatamente o que me animou a realizar o desafio.

Na primeira das 12 etapas do desafio, deveriam ser cumpridos 10 tiros de 100m, escolhi em fazer na própria rodovia da cidade, único local favorável em linha reta. Por volta do quarto tiro, pessoas que passaram pela estrada mandavam diversas mensagens, motivadoras do tipo: "Vamo po, dá o gás neguin, acelera" até mensagens do tipo: "Tá treinando pra ser doido? Vão dizer que tu é doido", naquele momento eu pensei em desistir, em ir pra casa deitar e chorar, e nunca mais me deixar sentir dessa forma, parar, acabar com isso tudo, mas depois lembrei do que meu amigo Andrey tinha me dito: "Eles não sabem do seu valor, eles não sabem das suas lutas, não conhecem sua essência, mantenha a sua essência!" Naquele rápido momento eu percebi que sempre estive sozinho, e que sempre vai ser assim, ninguém vai estar lá quando eu precisar, ninguém vai me dar a mão quando eu estiver no chão, assim eu levantei e terminei os tiros, mesmo estando triste.


Tive que caminhar até a outra ponta da cidade onde tinham barras fixas para eu poder prosseguir o desafio, estavam em vista a segunda e a terceira etapa, 100 agachamentos completos e em seguida 90 barras (Pull Up). Já eram quase 17:00, começamos os tiros exatamente de 16:00 horas, tinha passado 1 hora e eu realmente duvidava muito que fosse conseguir fazer tudo, lembro de fechar os olhos e pensar: "Esqueça, isso é maior do que você, do que o que os outros pensam, não se torne apenas mais um que se deixa influenciar pelo o que as pessoas pensam", depois de ter pensado isso me senti incrivelmente bem, sabe? Pela primeira vez me senti bem comigo mesmo, me senti capaz, comecei a acreditar que eu não era tão fraco, que eu não era insignificante, que eu poderia seguir em frente por mim mesmo, porque só eu sabia de tudo que tinha passado e pela primeira vez me apoiei em algo, me senti amigo de mim mesmo, completamente em harmonia e segui os desafios com os agachamentos.

Fiz até mais rápido do que imaginei, depois as barras, essas de 5 em 5 até completar as 90, quando terminei pensei: "Caralho, eu fiz 90 barras? Puta que pariu eu consigo terminar isso! Não se afobe, respire, relaxe, você pode fazer isso, mas vá com calma", vocês percebem essa dualidade? Minha emoção me dizia para terminar rápido, minha razão me dizia para ser calmo e continuar sem pressa, minha experiência com esse tipo de treino me fez escolher seguir a razão, sentem a harmonia nisso? Eu senti.


 

Então segui com as precisões, quarta etapa, que não foram tão difíceis porque ultimamente estava sempre fazendo 100 precisões em meus treinos comuns. Nessa etapa só precisava fazer 80 corretamente e seguir, errei algumas mas consegui realizar todas como diziam as regras do desafio, naquele momento minha emoção falava alto e eu sempre perguntando a hora, mesmo que eu já tivesse seguido a razão, eu estava muito ansioso em terminar tudo.

Chegou a hora das flexões, nessa quinta etapa já eram umas 18:30, estava exausto, mas mesmo assim fui insistente, eram 70 então fiz 4 séries de 15 flexões depois fiz mais 1 série de 10, os braços já davam sinais de falha, tremiam nas últimas flexões, mas terminei, descansei um pouco e segui para o Jump Box.

Sexta etapa, 60 saltos para cima. Ainda tinha em mente aqueles comentários e me perguntava em todos os segundos para que porra eu estava fazendo aquilo? As pessoas passavam e me encaravam, eu realmente me senti um louco, ainda assim respirei fundo mais uma vez. Eu era maior que todas elas, que toda aquela situação, fechei os olhos e fiz vagarosamente de 5 em 5 os 60 pulos, tinha um pouco mais de 1 metro de altura, quando terminei, descansei um pouco e não acreditava, eu estava na metade do desafio, deitei exausto, eu não queria demonstrar mas eu pensava em desistir todo o momento, eu estava sendo destruído de dentro para fora, estava completamente quebrado de todas as formas, respirei fundo mais uma vez, dessa vez, ao invés de pensar, falei em voz alta, "mantenha sua essência". Minhas costas ficaram marcadas com a poeira que tinha em cima do banco, comi alguns biscoitos, afinal, qualquer glicose nesse momento seria útil. Bebi água e comecei a fazer os abdominais.

Estava na sétima etapa, 50 abdominais. Fiz primeiro 25, para esquecer toda aquela confusão na minha cabeça, comecei a sentir câimbras no abdômen e nas pernas, vagarosamente como de praxe, fui fazendo os abdominais até completar.

Não chorei por fora, mas eu estava completamente destruído por dentro e não sabia mais o que pensar, era como se tivesse passado um furacão e varrido tudo dentro de mim, todas as tristezas, todos os desencantos, todas as frustrações e as mágoas, tudo, eu me senti outra pessoa, senti que a partir dali eu deveria ser outra pessoa, não poderia mais ser o mesmo, fechei os olhos e pensei no orgulho que seria se eu conseguisse terminar o desafio, eu sou magro, sou fraco, normalmente atraso os treinos físicos com meus amigos e seria indescritível e inspirador pra mim mesmo de todas as formas, terminar aquilo, eu conseguiria espalhar a mensagem que nada era impossível se você acreditasse o suficiente que aquilo era possível, pensei na esperança que eu poderia espalhar como fogo se eu conseguisse realizar aquilo, naquele momento eu me construí de novo, não tinha certeza se iria conseguir realizar os Climbs (subida completa no muro, parado) que viriam na próxima etapa.

 Oitava etapa, 40 Burpees, concluído com sucesso, divido em séries. A nona etapa seriam os temidos Climbs, os fiz vagarosamente de 1 em 1, até completar 30, meus braços estavam trêmulos, mas a mensagem que eu poderia passar com aquilo já era maior que tudo, já nem me importava mais com as pessoas, as coisas ruins que fizeram ou que disseram, tudo que eu deveria fazer era seguir em frente, era claro como o sol ao meio dia, mais uma vez bebi água e fui aos planches.

 Décima etapa, 20 planches/muscle ups (subida completa na barra), de 1 em 1, mais uma vez até completar os 20, já eram 20:00 horas, comecei a acreditar verdadeiramente naquilo, me senti forte para caralho pela primeira vez na vida, mesmo não tendo o físico de uma pessoa forte, comecei a me ajeitar de mil formas para tentar fazer as flexões de cabeça pra baixo.

Décima primeira e penúltima etapa, 10 flexões de cabeça para baixo. Encontrei um jeito que conseguisse fazer, eu mal conseguia descer, já era claro que eu não aguentava mais, evidente que eu estava muito além do meu limite, mas descia o máximo que eu conseguia e retornava de 1 em 1 até completar os 10 necessários, quando terminei meu coração estava explodindo, eu não sentia mais meus braços, tinha dor por todo o corpo.


Mas ainda faltava 1 km de quadrupedal, décima segunda e última etapa do Desafio Hércules. Juro que eu não aguentava nem ficar em pé mais, os bêbados que antes me desmotivavam do outro lado da rua já estavam assustados, gritavam perguntando do que eu era feito, se eu não cansava, eu me sentia um herói 20:40 da noite, eu ainda conseguia respirar, eu já tinha me tornado outra pessoa a muito tempo. Medi uma distância de dez metros que tinha de um lado da academia, tinha que percorrê-la 100 vezes para completar 1 km, então eu ia e voltava e contava 1 vez apenas para parecer menos repetições. Assim eu só teria que ir e voltar 50 vezes, de 20:40 até as 22:10 de 20 em 20 metros consegui terminar 1 km, com os bêbados me olhando, dessa vez com admiração, tive orgulho de tudo que eu tinha feito, mesmo diante de toda a dor que eu estava sentindo eu consegui com esforço e sacrifício. No dia 31 de dezembro de 2018, faltando menos de 2 horas para 2019 chegar, eu concluí um dos desafios mais importantes da minha vida.

Eu finalmente tinha a resposta para pergunta que me fizeram no início, "Por que você fez isso?" Pela esperança, pelo recomeço, para provar a mim mesmo que sou capaz de conseguir qualquer coisa se eu acreditar, por coisas que eu nem sabia como o fato de eu descobrir que eu não preciso de ninguém para seguir em frente, que eu sou forte mesmo sendo fraco, que ninguém pode me impedir de conquistar algo se eu tiver esforço o bastante. 


Gostaria de concluir todo esse texto, agradecendo a meu primo Davi, que foi buscar água várias vezes para mim, mesmo já estando tarde da noite, me acompanhou e me incentivou de perto, agradecer também a JamParkour, pelo acolhimento e pela mudança significativa na minha vida. Agradecer a Maria Rita que sempre me ajudou em momentos difíceis e para Andrey, por também ter me encorajado muito. Quero finalizar dizendo para você leitor, que nunca deixe de fazer algo porque as pessoas dizem que você é louco ou que você não é capaz, que você é fraco, você é maior do que qualquer pessoa que te põe pra baixo, que te desmotiva, não seja como eles, não se desmotive, não se ponha pra baixo, tudo é possível se você acreditar, você é maior do que qualquer dificuldade que esteja passando, não desista de todos os seus sonhos e objetivos por pessoas que não valem suas lágrimas, seja sua própria força, crie em você o seu herói!



Escrito por João Elias 02/01/2019
Edição: Andrey Peixoto, seu amigo 02/01/2019
Imagens: Davi, seu primo 31/12/2018

domingo, 20 de março de 2016

Eu e o Movimento



Por Andrey Peixoto

                                       


Era uma hora da manhã de um domingo e eu sempre vou relembrar isso! Estava deitado na cama com o psicológico abatido, por alguns motivos pessoais que não vem ao caso nesse momento. Lembrei que o Parkour sempre me ajudou nisso, sempre me trouxe boas sensações para que eu mudasse o ânimo. Não pensei duas vezes: coloquei uma camisa, um tênis e fui até a uma praça que fica perto de minha casa.





A praça estava muito mais vazia do que normalmente costumava estar, afinal já era de madrugada. Ao final dela tem um balanço construído com muros e ao seu lado tem uma outra construção com várias barras, também com muros. Eu olhava para aqueles dois brinquedos, um amarelo e um azul, quando veio a cabeça algo que jamais pensaria em fazer, um CatLeap, movimento do Parkour que se caracteriza basicamente por saltar de um local para outro usando as mãos e os pés para absorver o impacto e segurar-se. Era um movimento consideravelmente difícil para mim, que nunca o tinha feito naquela intensidade e almejava ultrapassar um limite, que claramente era mental.

Eu estava só para aquele movimento, não tinha um amigo me dizendo o que fazer ou alguém para me segurar. Me observavam um bêbado, gritando que eu ia cair ("chama o Samu!"), algumas pessoas sentadas ao redor de uma mesa a uns 20 metros e uns três garotinhos perguntando se eu já pulei de um prédio. Resolvi então ir aos poucos e fui repetindo um movimento semelhante, mas menos intenso; fiz aquilo até meu corpo ficar quente suficiente para realizar o CatLeap. Meus pensamentos negativos se esvaziaram, o pessoal da mesa aparentemente sabia o que eu queria fazer. Por um momento achei que estavam me olhando como um louco, mas acredito que cada um acha uma maneira para se desligar do monótono, dos estresses do dia a dia; todos buscam uma fuga e eu não era diferente daquele pessoal, assim como eles eu também buscava um alívio, um escape. Não é uma questão de ser saudável ou não, a questão é concentrar no que te faz bem psicologicamente, naquilo que você precisa. 


                                          (Cena do filme A Travessia)
Foram 40 minutos marcados no relógio de pura concentração, um estado de transe e atenção ao mesmo tempo. O barulho do bêbado gritando eu já não ouvia, a pressão em saber que pessoas da mesa estavam aguardando algo também já não era presente, ali éramos só eu e o muro. A distância entre os brinquedos, a altura, o atrito da mão e do pé ao chegar até a parte final do movimento, tudo estava favorável, tinha conferido mais de 12 vezes. O que me incomodava era a inclinação dos muros, pois não eram paralelos de fato; além da questão de eu estar sozinho àquela hora da noite, isso também pesava. Fiquei lembrando o que meus amigos poderiam estar dizendo, "usa a mão mais forte", " salta leve mas seguro" ! O lado bom de treinar sem nenhuma companhia é que você tende a ser mais cauteloso e detalhista, porque sabe que não vai ter alguém para te ajudar ou te socorrer em uma situação de emergência. Ali, eu precisava ser maior que o muro, mais bruto e mais forte que ele. Minha mente tinha que estar 100% confiante. Tive que refletir até juntar todas essas informações. Eu não ia errar, ainda consigo ter a mesma sensação daquele momento! 

Depois de realizar o primeiro salto, já tinha total certeza de que iria conseguir chegar até o fim e absorver o impacto, já me imaginava terminando o CatLeap. Apoiei os pés, em seguida as mãos... Tranquilo. Lá estava eu: agarrado ao muro, totalmente parado, sensação de vitória. O muro azul estava me sustentando. Eu tinha terminado, o movimento estava concluído. Ainda assim eu continuava lá, sorrindo sozinho, a sensação era indescritível e maravilhosa. Climbei ( subi no muro ) e agora só se ouviam aplausos. O bêbado? É, nem sei mais onde ele estava. Os aplausos também não foram levados em conta. Eu estava feliz apenas pelo fato de ter esquecido por completo as coisas que me deixaram cabisbaixo aquela noite e por ter desbloqueado mais um medo que eu tinha. Era um limite ultrapassado! Agora eu podia ir para casa com a mente vazia e relaxada.

terça-feira, 28 de julho de 2015

A Visão do Tracer Cego


Por Jeff Tiago




O mundo é cego. Infelizmente essa triste realidade faz parte de nossa sociedade.

O Sentido da visão é algo divino, ele nos permite ver tudo a nossa volta, pássaros voando, as plantas, as cores, o azul do céu, o cair da chuva. Com ele também podemos ver claramente tudo que nossas mãos tocam os alimentos que levamos a nossa boca. Podemos calcular só observando determinada distância de algo e ver as expressões faciais e físicas das pessoas e animais. Sem Dúvida que sem a visão é impossível ver as imagens da TV, ou ver seriados, animes, filmes e vídeos na internet além de ter grande dificuldade de comunicação usando redes sociais, o que para muitos já virou uma rotina, da qual muitos nem conseguem se imaginar longe dela.
Você ai que esta lendo nesse momento, pare por um instante e pense em tudo que você faz em seu dia-a-dia, cada detalhe que você observa com seus olhos. O rosto daquela garota que você está gostando, o de sua mãe e demais familiares, de seus amigos, de seu animal de estimação, dos lugares que já viu e aqueles que ainda deseja ver.
Agora se imagine como um deficiente visual, como você lidaria com todas essas coisas que faz com frequência em seu dia-a-dia?

Claro que em alguns desses casos como as redes sociais, existem mecanismos que ajudam o usuário com deficiência visual, através de áudio. As letras que estão sendo tecladas são faladas pela maquina para o usuário ouvir aquilo que escreve. O mesmo acontece quando ele recebe alguma mensagem, o computador lê para ele o conteúdo.

Mas me diga você jovem gafanhoto(a), quanto tempo você acha que levaria até dominar isso? Até mudar totalmente sua rotina usando seus olhos para quase 100%, ou talvez seja correto dizer para tudo que faz. Quanto tempo você levaria para dominar o Braile ( forma de comunicação escrita utilizada por cegos), pra dar continuidade ao conhecimento que ainda esta por adquirir ao longo da vida.

Quem sofre de problema de vista, deve saber o quanto é terrível tentar enxergar o letreiro no ônibus um pouco distante, espremer os olhos , para forçar a visão e tentar enxergar um pouco mais longe. Também esta ciente que mesmo que às vezes se torne algo inconveniente precisamos usar óculos, ou a opção que teremos é ter nossa visão cada vez mais prejudicada.

Mesmo com problema de vista, existem dezenas de praticantes de Parkour pelo mundo que treinam utilizando óculos de grau. Tenho que admitir que faço parte desse grupo de pessoas. Muitas pessoas tem um elevado grau de miopia, que faz com o que o individuo não enxergue nada sem seus óculos, a situação muitas vezes pode ate ser resolvida com cirurgia, mas quem não conseguiu realizá-la, é obrigado a conviver assim, o que o deixa o individuo com dificuldades extremas quando aconteça algo que faça com o que os óculos saia do rosto.

Notei durante este tempo que treino com óculos que treinar usando eles tem dois problemas bem incômodos, um deles acontece raramente comigo, que é o óculos sair do rosto. “Perai, como assim? Tu treina com o óculos no rosto, faz de tudo e ele não cai?”
É verdade sim, apesar de parecer um tanto estranho, meus óculos raramente caem do meu rosto, e não usava nada para prendê-los. Passei a usar desde um dia que estava mostrando um exemplo de como cair propositalmente em um Monkey a umas amigas e o óculos saiu do meu rosto, consegui agarrá-lo no ar, mas a mesma mão que segurava o óculos foi a que chegou primeiro no chão e o esmaguei, o que era para ser uma demonstração, acabou sendo de verdade. “Dale lerdo!”
A segunda coisa ruim é que deviam criar para-brisas para óculos, é muito ruim estar treinando naquela "estiga', de repente chover e você continuar ali, mas as lentes começam a ficar embaçadas pela água da chuva. “Pense numa coisa chata.”


Ou sair de uma sala com ar-condicionado e ir a um ambiente “quente”, as lentes dos óculos na hora embaçam, o mesmo acontece ao beber algo quente.

Muitas pessoas ainda não notaram o tamanho da importância que a visão significa para todos nós, que sem ela perdemos de ver tudo que esta presente no mundo exterior. Já Outras pessoas só passam a se dar contar que estão perdendo algo importante, quando estão começando a perdê-las, ou quando a perdem de vez 

Sabemos que diariamente somos testados a conviver com as dificuldades que a vida nos impõe, seja ela física, financeira, familiar, mental, etc.
Mas imagine agora as pessoas pelo mundo que foram vitimas de algum tipo de acidente, que precisaram amputar algum membro do corpo para continuar vivendo, ou mesmo as que já nasceram deficientes físicas por natureza. Com certeza muitas delas vivem cabisbaixas, sem motivação alguma a continuar, achando que não servem de nada e que são escorias da sociedade. Muitas nem suportam o fardo e acabam desistindo de lutar, cometendo suicídio.

 Porém muitas destas pessoas conseguiram superar sua deficiência e foram à luta, tornaram-se pessoas implacáveis, com uma determinação monstruosa, inabalável. Isso é o que chamamos de META!
É justamente aquilo que uma pessoa que perdeu algo, tem na mente para lhe dar forças pra seguir adiante, não desistir do que ama, ter um sonho.

Vale apena citar que determinadas deficiências físicas, foram geradas devido a irresponsabilidades, que vai desde a beber e dirigir atenção cuidar devidamente bem de seu corpo. Por exemplo, muita gente que tem algum problema de saúde, tipo a diabetes, mas não se cuida de forma devida e devido à doença se faz necessário amputar algum membro do corpo, ou talvez cegueira de um dos olhos ou ambos. Tem problema nos ossos vai vive fazendo big jumps (saltos de locais altos), o que para uma pessoa que faz físico já prejudica os joelhos, quem dirá a alguém que não tem porte físico para suportar o impacto, ou mesmo um exercício executado de forma incorreta. Então é preciso ter muito cuidado com seu corpo por que sem ele como você vai continuar treinando? Vai ver seus amigos em vídeos e vai se lamentar por ter sido imprudente e não poder mais praticar aquilo que ama(claro dependendo da gravidade da lesão). Ou podem ocorrer coisas piores como mortes devido a movimentos realizados de forma desnecessária. Então antes de fazer um movimento que demonstre um determinado grau de risco, pense bem se aquilo é mesmo necessário, se você precisa mesmo faze-lo e se vai valer a pena, por que infelizmente alguns amigos praticantes perderam a vida em situações semelhantes. Não vivemos em um vídeo game, não vai haver outra ficha, não vai haver um continue e o pior de tudo, talvez não haverá a chance de fazer todas as coisas que queria em sua vida.


Certo mais ai você pode esta se perguntando, “ta certo, mas o que o tema do artigo tem haver com tudo isso que vim lendo desde agora? Calmapressadinho (a), logo você vai descobrir”.


É difícil falar sobre Parkour e não pensar logo no quanto as pessoas que praticam devem treinar duro para conseguir força psicológica e física pra ultrapassar os obstáculos, sem dúvida este é o caminho certo para a pratica, claro se você quiser  treinar e se dedicar  de verdade, ate por que os riscos que o Parkour podem apresentar pra alguém despreparado são muito altos. Agora imagina comigo o seguinte você um tracer que treina um longo tempo, ou mesmo você um recém-chegado, acabou de alguma forma sofrendo um acidente e precisou passar por um processo cirúrgico para ter que amputar um membro, seja ele braço ou perna. Leve em consideração que você apesar de tudo ama o Parkour de todo o coração e mesmo nesta situação em que se encontra, não queria parar de praticar aquilo que tanto ama de corpo e espirito.
Se você for uma pessoa de mente fraca logo vai desistir e impregnar na cabeça que após este incidente você será incapaz de voltar a praticar. 

Porém se você é uma pessoa determinada e tem como meta voltar a praticar, mesmo com a limitação que ira carregar pelo resto da vida, sem dúvida você pode conseguir, claro que não vai fazer tudo que fazia antes, seus movimentos serão um pouco limitados, mas você ainda vai estar fazendo aquilo que você ama. Tem até um exemplo muito bom de um garoto praticante de Parkour, que se envolveu em um acidente de carro quando um pouco mais novo e precisou amputar uma das pernas. Um vídeo emocionante e é de arrepiar como ele conseguiu se manter firme apesar do que houve. O nome do vídeo para quem quiser ver é:

Rubén Roldán - Corazón de león. Parkour

Agora se imagine não como aquele que sofreu o acidente e precisou amputar um membro, mais sim um orientador, ou no "mundo" do Parkour, aquele que puxa ou que guia um treino. Você recebe em seu local rotineiro de treino vário praticante e os ajuda a caminhar dentro do Parkour.
Mas se dentre essas pessoas um dia chegasse um individuo com deficiência física e desejasse do fundo de sua alma treinar junto a vocês, o que você faria? Negaria esse direito dele?
Caso aceitasse ajudá-lo, como iria ministrar o treino dele sabendo que diferente dos demais ali presentes é preciso um treino especifico para ele?
Mas como seria esse treino?
Por que você salta usando duas pernas, certo? Ele teria apenas uma, como seria na hora de fazer uma precisão e estabilizar a cravada, ou pra escalar um muro?

Por você ser uma pessoa que não possui nenhuma deficiência física, você não saberia exatamente como guia-lo, você teria suposições de como poderia guia-lo, mas nada concreto afinal você nunca ficou sem uma das pernas para saber como é. Porém dependendo da motivação e determinação do individuo em questão, ele poderia assim como no exemplo do garotinho do vídeo, superar sua deficiência e treinar com tudo que lhe restou.

Bom eu comecei a pensar a alguns meses sobre isso e pensei em mim mesmo, ou amigos próximos tendo algum acidente e precisando se sujeitar a um processo cirúrgico para amputar um membro. Com certeza eu ou a pessoa seria ajudada no treino (caso ela ainda desejasse permanecer treinando), mas ai me veio outra coisa na cabeça, por que enquanto for para ensinar alguém a treinar sem um dos membros tudo bem, vai ser complicado, vai sim, sem duvida, mas ainda sim o individuo esta olhando a aplicação dos movimentos e adaptando-os a sua deficiência. Mas e se no lugar de um deficiente físico, fosse um deficiente visual?  

Sem sombra de dúvidas seria ainda mais complexo ensiná-lo, do que a um deficiente físico, por que como se explicar a um cego que nunca viu o Parkour a execução dos movimentos. (claro que esta hipótese de um deficiente visual que nunca teve a oportunidade de ver antes querer praticar é difícil de acontecer, mas não impossível).   
Outro caso seria um praticante que independente do tempo de pratica por um acidente ficou cego. Claro que um treino olhando tudo a sua volta, não é o mesmo que um com a ausência da visão. Os olhos abertos já nos medem a distancia de uma precisão antes mesmo de executarmos o salto. Podemos ver aonde nossas mãos e pés vão, aonde agarram. Mas para um cego, só lhe resta o tato e como instruir alguém no Parkour nessas circunstancias? É bem complicado.

Foi ai que eu resolvi sentir um pouco disso na pele. Eu Pratico Parkour a 6 anos e  vez ou outra fazia um treino com os olhos vendados. Evidentemente nunca chegou a ser um treino de longo período. Mas ai eu querendo entender como deveríamos instruir um praticante cego, resolvi-me abstinar da visão em meus treinos por um período de meia-hora. Foi assim durante 2 meses. Para muitos algo meio sem sentido e talvez desnecessário, mas eu vi a necessidade de sentir aquilo, precisava saber o que aconteceria comigo se eu ficasse cego (apesar que já uso óculos, de longe sem ele enxergo quase nada), quais as maiores dificuldades que eu enfrentaria ate voltar a fazer algo fluente novamente. Claro que também queria saber como eu poderia instruir alguém numa mesma situação, por que por mais que eu pudesse, creio eu que enxergando não seria bom o suficiente para ajuda-lo, eu precisava primeiro entrar no mundo dele, andar como ele, ouvir como ele, sentir como ele, para depois tentar mostra-lo como ele poderia mover-se.

Preciso confessar não foi nada fácil, contei com a ajuda de um tracer mirim chamado Tom Zamataro de 13 anos, que foi meu guia durante esse período. Contei com a ajuda dele, por que o parque da Jaqueira o nosso pico de treino, é um local um tanto grande, com uma movimentação fluente de pessoas e crianças, então pedi para ele apenas ficar de olho em mim e caso eu fosse esbarrar em alguém ou mesmo bater em árvores ele avisar. Mas ai ele se manteve em silencio e só sinalizava algo pra mim nessas condições.

A primeira semana foi muito complicada, me senti muito perdido, sem noção alguma de espaço ou das coisas a minha volta. Era complicado tentar me locomover de um ponto a  outro sozinho, então determinei um objetivo “quero ir ate tal muro”, ai com a ajuda do meu guia, que dizia às direções que deveria seguir ate chegar ao destino, fui caminhando vagarosamente.
Em partes do trecho do caminho havia alguns obstáculos, pedi a meu “guia” para sinalizar, pois tentarei ir os ultrapassando, já que a intenção dessa experiência era justamente voltada ao desenvolvimento de um individuo cego na nossa pratica.
Não vou negar, tropecei em raízes e cai algumas vezes, bati a cabeça em arvores, e esbarrei em obstáculos ate me orientar e saber o que havia a minha frente.
Devo admitir que enquanto cego os movimentos que algum praticante pode fazer com facilidade e certa segurança enquanto “cego” são, lazy, e monkeys (claro que parado). Óbvio que o lazy é o mais “seguro” dentre os dois, porque ele usa muito o tato, as mãos quase não saem da barra e tudo que o individuo deveria focar e lançar suas pernas altas.
Ao fim do período desse dia eu estava encharcado de suor, parecia que estava fazendo um físico desgraçado, não entendi por que fazia as coisas devagar tomando cuidado para não me machucar por estar vendado e fiquei ensopado de suor. Mas ai conversando com algumas pessoas descobrimos que isso se deu por que fiquei sem um dos sentidos e o celebro estava tendo que trabalhar mais que o comum, por isso todo aquele suor.
Ao final do período de tempo que definir pra me manter vendado, retirei a venda e parecia que eu estava a anos morando dentro de uma caverna vendo a luz do dia pela primeira vez. Fiquei com a visão turva por uns minutinhos.
 

Na Segunda semana eu continuava ainda perdido no sentido de sair andando sozinho, meu “guia” continuava a me indicar verbalmente as direções a serem seguidas.
Nesta semana eu já fazia repetições de precisões, claro que a cada 10 acertava uma ou duas, era complicado porque mesmo sendo um salto de precisão pertinho eu não tinha a noção de espaço para executa-lo, não sabia a força necessária que deveria usar, então fiz algo que nós quando iniciantes fazemos muito, que é contar os passos. Contei, e contei e contei e finalmente saiu, consegui alguns. Ai percebi que o precisão levaria um tempo ate ter conseguir ser feito fluentemente.
Em alguns movimentos que eu errei neste dia pude perceber que nossos reflexos apesar de estar cego ainda respondiam super bem. Se bem que eu não estava de olhos abertos, então não era em tudo que conseguia ser ajudado pelo reflexo, precisei esbarrar em muita coisa pra aprender isso.

Na terceira semana em diante eu já tinha certo controle das movimentações, conseguia ate mesmo correr, com o meu “guia” bem próximo pra não tropeçar em uma raiz ou pedra.
Deste período até o fim do tempo planejado para o fim da vivencia, eu repeti bastante o que aprendi anteriormente e acabei conseguindo uma das coisas que achei fascinante enquanto vendado, que foi um catleap, claro que não foi um cat com distâncias enormes, foi algo simples, mas que devido a fazer vendado fica muito complicado.
Então fui lá, contei os passos ate o muro, levei minhas mãos ao local onde iria agarrar com o cat para sentir o lugar que minha mão agarraria. Então tentei uma, tentei duas, tentei três, foram três tentativas frustradas, mais foi então que na quarta tentativa, senti minhas mãos agarras ao muro. “URRUUUUU!!!”
Meu maior medo ao tentar executá-lo, era o choque do meu corpo contra a parede, o que acabou que deu certo e não aconteceu. Foi o movimento mais complicado de ser realizado, porque ao contrário dos que já fiz durante a vivência, este eu não tinha o auxílio das mãos sobre algo, como por exemplo, o monkey, o que me deixou com os nervos a flor da pele. Mas isso foi só no primeiro, então repeti umas vezes para a mente tentar memorizar o quanto de força eu estava usando para o feito.

Nos posteriores, além das repetições daquilo que vinha fazendo desde a primeira semana, resolvi emendar os movimentos para ver como sairia. Então iniciei com o cat, subia, dava um desmonte pro lado, passava a barra ao lado de lazy ou monkey e ficava novamente frente ao muro onde tudo foi iniciado, assim repetindo e repetindo. Consegui executar tudo com certa velocidade. Mesmo tendo avançado muito, eu ainda tinha bastante dificuldade de deslocamento de um ponto a outro sem auxilio do “guia”, porém já estava me familiarizando com a parte que a galera se reúne para os treinos. Conseguia andar por aquela área, mas sair dela para outra era muito complicado.

Reconheço que o período de vivência foi curto para tentar absorver o suficiente para ajudar um tracer cego, mas sem sombras de dúvidas ao menos pude viver e sentir as coisas como eles sentem, assim não me sentirei totalmente perdido caso se fizer necessário ajudar um indivíduo nessa situação, porque ser forte para ser útil não significa se matar no físico, mas também abdicar-se de algo seu pelo próximo necessitado. Porém nem sempre esse “algo” vai ser uma ajuda financeira, ou ajuda física, ela pode ir de uma conversa para confortar alguém com problemas ate mesmo a treinar descalço só para fazer companhia a um amigo que esta com o pé machucado. São coisas assim que para muitos podem ser uma besteira, mas que para pessoa que recebeu é algo muito gratificante. Ser lembrado e ver a pessoa sacrificando parte de si por ela. É este tipo de natureza que formam heróis, mas não os heróis que vemos na ficção mais heróis de verdade...


...Aqueles que apesar dos problemas que tem todo dia, conseguem ter tempo de ver que alguém ao sua volta precisa de ajuda, e esses heróis serão eternamente lembrados por estas pessoas, que poderão ate seguir seu exemplo com outras pessoas.
Existem pessoas que esbanjam sorrisos diariamente, mas por dentro estão destruídas, desmoronando em silêncio, outras demonstram isso explicitamente.
Então não continuemos cegos, pois o pior cego é aquele que não quer ver.




27/07/15

                                                                                                                  Por: Jeff Tiago

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

A Divindade dos Homens




Cena do filme Poder Além da Vida (Peaceful Warrior)

Um conto hindu que foi sugerido pelo meu parceiro Júlio Guimarães, me bateu um flashback de muitos momentos dentro e fora do Parkour, momentos no qual me perguntei: Como é possível um ser humano alcançar tal feito?
Coisas que teoricamente seria impossível realizar, que vi acontecer diante de meus olhos, forças que as vezes não sei de onde saíram mas que certas horas surgem como mágica nos momentos que precisamos. Espero que reflitam bem.  


A DIVINDADE DOS HOMENS

Houve um tempo em que todos os homens eram deuses. Mas eles abusaram tanto de sua divindade que Brahma, o mestre dos deuses, tomou a decisão de lhes retirar o poder divino. Resolveu então escondê-lo em um lugar onde seria absolutamente impossível reencontrá-lo. O grande problema era encontrar um esconderijo. Brahma convocou um conselho dos deuses menores, para juntos resolverem o problema.
                                            
- Enterremos a divindade do homem na terra, foi a primeira ideia dos deuses.
- Não, isso não basta, pois o homem vai cavar e encontrá-la.
Então os deuses retrucaram:
- Joguemos a divindade no fundo dos oceanos.
Mas Brahma não aceitou a proposta, pois achou que o homem, um dia iria explorar as profundezas dos mares e a recuperaria. Então os deuses concluíram:
- Não sabemos onde escondê-la, pois não existe na terra ou no mar lugar que o homem não possa alcançar um dia.
Brahma então se pronunciou:
- Eis o que vamos fazer com a divindade do homem: vamos escondê-la nas profundezas dele mesmo, pois será o único lugar onde ele jamais pensará em procurá-la.
Desde esse tempo, conclui a lenda, o homem deu a volta na terra, explorou escalou, mergulhou e cavou, em busca de algo que se encontra nele mesmo.




A menos de uma semana vai ocorrer o desafio nacional do Parkour: 1000 planche individuais (muscle up) em 24 horas tempo limite. Talvez lembrar desse conto ajude, nos momentos difíceis.

Bem, mas isso é apenas uma lenda...

Fiquem com Deus

Saúde e Paz.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Juntos Vamos Mais Longe.


                O V Encontro Pernambucano foi o 8º encontro de Parkour que participo e me impressiona que a cada um deles, me traz aquela euforia dos meus primeiros treinos, criamos laços familiares com pessoas que nunca vimos antes, revemos irmãos que nasceram em outras cidades e estados. O espírito de união, amor e família cada vez mais forte, cada vez mais praticantes tendo contato com essa energia e passando adiante.

                Nos primeiro encontro que fui, achava que a intenção era apenas trocar experiências, aprender algo mais difícil e treinar até não aguentar mais. Hoje a visão ampliou, com o tempo aprendi certos valores, comecei a enxergar que realmente a essência do Parkour é algo vivo e vai muito além da movimentação. Sentir a alegria do reencontro, os abraços, os sorrisos, um "Eu te amo" sincero dito com lágrimas nos olhos, o prazer em fazer, os arrepios nas conversas, os reflexões nos depoimentos, pessoas se desprendendo do complicado e sentindo prazer no simples, as lágrimas de alegria, as lembranças de quem se foi mas que vive em cada um de nós, o apoio mútuo, o respeito, o RAUUUUU (Ha Woo) e o amor.

                Algumas das coisas acima citadas podem parecer estranho, mas só estando presente para entender melhor, treinar em um ambiente assim é como se estivesse em um universo paralelo. Reencontrei muita gente que amo e criei novos laços. Esse ciclo só tende a crescer.

                Agradeço de coração a todos que estavam presentes e os que queriam ir mas não puderam. Cada um de vocês somou de forma positiva, levem e mantenham vivo essa energia. Cabe a nós passar para a nova geração e boa parte da atual essa essência característica dos cearenses, pernambucanos, paraibanos e potiguares. Aos organizadores pela dedicação e suor e a Adilson Veron por ter acreditado em você e seguir seus instintos de Tracer, não sabe o quanto nos deixou feliz, Pernambuco vibrou naquele momento e acredito que não foi só a gente.


Fiquem com Deus.

Saúde e Paz.


domingo, 3 de junho de 2012

O Circo Borboleta



Venho indicar um curta, que transmite uma bela mensagem. O papel principal é do australiano Nick Vujicic:
 
Nicholas James Vujicic é um pregador e palestrante motivacional. Nascido sem pernas e braços devido a rara síndrome Tetra-amelia, Vujicic viveu uma vida de dificuldades e provações ao longo de sua infância. No entanto, ele conseguiu superar essas dificuldades e, aos dezessete anos, iniciou sua própria organização sem fins lucrativos chamada Life Without Limbs (Vida sem Membros). Depois da escola, Vujicic frequentou a faculdade e se formou com uma bidiplomação. Deste ponto em diante, ele começou suas viagens como um palestrante motivacional e sua vida atraiu mais e mais a cobertura da mídia de massa. Atualmente, ele dá palestras regularmente sobre vários assuntos tais como a deficiência, a esperança e o sentido da vida.

Que esses 20 minutos acrescente uma nova perspectiva em todos vocês.

Fiquem com Deus.

Saúde e Paz.















Fonte: Wikipédia.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Deixar Brotar


No Parque da Jaqueira (Zona Norte Recife - PE) onde treino com meus irmãos, pude observar com o passar dos treinos que muitas pessoas não tem ideia da força que possui. Isso parece estranho porque as vezes nos esforçamos muito e até afirmamos com certeza que não aguentamos mais passar daquele ponto. Muitas vezes somos enganados por nossa própria mente , nos dizendo para pararmos, que não conseguiremos por estarmos fazendo algo jamais feito antes por você ou por alguém. ( Ex. Seu recorde de flexões seguidas é de 50 e um dia você tenta fazer 70).

                É engraçado que as vezes acontece casos de estar quatro pessoas tentando um certo movimento e todos acharem que não é possível ou que não é possível no momento, e quando um deles acerta todos os outros logo em seguida também conseguem. A explicação para isso é só o desbloqueio mental. Quando você acredita que é capaz de alcançar o objetivo o resultado é diferente do movimento realizado no "talvez eu consiga". Claro que não vemos ser ingênuos devido pensar desse modo faremos um cat leap parado de uns 25 passos, ai você está no Fantástico Mundo de Bob ^^.

                No Parque da Jaqueira pensamos da seguinte maneira: Se você se torna forte, você me transmite essa força e me torno forte como você e assim te transmito de volta a mesma força. Visamos que todos sintam confiança um no outro, mostrar  que não o deixaremos para trás e só nos tornaremos fortes se ele também se tornar. A nossa intenção não é ficarmos dependentes um do outro e sim tornar cada um forte o suficiente para transmitir força.

                A força que falo por todo o texto não é a física e sim a mental e dela que tudo brota, ela é quem decide tentar ou desistir, a força física é consequência das decisões da mental. Se você realmente está disposto a alcançar seus objetivos, não enxergue apenas os obstáculos, encontre as maneiras de passar por eles. Quando a mente acredita o corpo acompanha. Deixe brotar as ideias.

Obs: Antes de superar seus limites procure fazer um check up para saber como anda sua saúde.

Segue o vídeo de um treino realizado no Parque da Jaqueira, a meta foi que todos realizassem 1 Km de quadrupedal, sendo que parando de 100 em 100 metros para descanso de no máximo 1 minuto no abdominal estático. Podia alternar para o agachamento quando estivesse muito cansado. Todos que iniciaram concluiram. Tenho orgulho de cada um deles. (Tinha de iniciantes a veteranos).
                          
                                        
Fiquem com Deus.

Saúde e Paz.